segunda-feira, 30 de maio de 2016

Brasília, o Pilotis e a Capoeira

Da África, das senzalas, dos quilombos, das ruas de Salvador, Rio de Janeiro e Recife; negra, branca, mulata. De onde ela veio, quando e como surgiu? Muitos se debruçam sobre livros e trabalhos para tratar do tema. Uma coisa podemos afirmar: “capoeira é, arte é malícia, é a luta pra se libertar, é o sangue que corre na veia, que balança o corpo no ar, é a mandinga do negro escravo que luta pra não apanhar...” E muito mais. É também: “Uma arte, um ofício...” 

Poderíamos escrever páginas e páginas discorrendo o que significa para cada um de nós e o que é a capoeira, mas o objetivo deste blog é tratar de sua origem na capital do Brasil. 

Quando chegou, onde começou a ser praticada, quem trouxe e quem foram os primeiros mestres e praticantes? Qual o tamanho da influência da vinda de Mestre Bimba para o Centro-Oeste e outras influências mais. Também, discorrer e investigar os rumos que foram traçados, as diversas vertentes, fases que passou e está passando, as voltas do mundo que deu e teve que dar? Quem são os atuais capoeiristas. Qual o futuro da capoeira brasiliense e o que pretendem seus praticantes?

Queremos compartilhar histórias e estórias, fatos e versões de acontecimentos e rodas que rolaram nesses anos, reportagens, como ela lidou com a imprensa e com o poder público, tão presente em nosso meio. Temos certeza que nossa história e seus personagens são riquíssimos. 

A capoeira em Brasília já esteve bastante dividida e muitas divergências rolaram nesses anos, mas como bons e inteligentes capoeiristas que somos vamos aprender uns com os outros e com os erros do passado para criar um futuro esplendoroso. Espero que todos recebam bem e de forma a agregar as informações que forem trocadas aqui. Contamos com a participação de todos! Esperamos que nos enviem suas bagagens e lembranças (fotos, vídeos, cartazes e áudios).

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O zelo pela memória garante o peso da autoridade ancestral que é a “tradição” para as lutas e reivindicações atuais. A tradição é um repertório cultural que é reinventado ao ser encenado no aqui e agora. Ela vem do passado, mas é preservada na medida em que oferece respostas para o presente.” (Paulo Andrade Magalhães Filho- Jogo de Discursos). 

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O nome da página surgiu como a capoeira apareceu em Brasília; no pilotis de um prédio. 

No caso de seu início, nos anos 60, foi no pilotis de um prédio da 206 sul com Aldenor Benjamim, o Mestre Arraia. E nesses anos, muito foi praticada e jogada, como outras brincadeiras - futebol, pique esconde, etc. - “debaixo do bloco”. 

O debaixo do bloco (pilotis) é a cara de Brasília. Quem nunca namorou debaixo do bloco? Nunca ficou até altas horas com os amigos batendo papo debaixo do bloco? Nessa cidade que é patrimônio da humanidade, por sua arquitetura e urbanismo, a primeira roda de capoeira que se tem notícia, que hoje também é patrimônio imaterial da humanidade, foi formada num pilotis. E de um pilotis da 206 sul se expandiu para todo o Plano Piloto, cidades satélites, entorno e para o mundo. 

Como em um bom jogo que não quer acabar capoeiristas de Brasília já rodaram o mundo; alguns voltaram ao pé do berimbau (Brasília) onde o jogo começou; outros ainda estão girando na roda do mundo.

 “Iê viva meu Deus”! Iê viva meu Deus, camará!!

 Vamos para o jogo porque é o que importa.

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A página é apartidária, não tem grupo e vertente. É como a própria capoeira, livre e solta. Foi criada para praticantes, admiradores e estudiosos da brincadeira-luta.


 “...mais que uma dança, luta, jogo, mais que um patrimônio da cultura brasileira, ela é uma forma de ver e viver a vida, uma ótica específica do mundo e dos homens transmitida de mestre a aluno através das gerações, uma prática que transborda da roda para o dia-a -dia com muito suingue tropical e sabedoria ancestral; a nata da fina filosofia da malandragem que se materializa no jogo ao som do berimbau.” (Nestor capoeira) 

Vinícius Campos (TOPO)